“A nova constituição supõe uma volta ao passado. Vão mudando pouco a pouco a vida da Hungria até transformá-la em um Estado totalitário”, afirma o jornalista húngaro-austríaco Paul Lendvai na televisão franco-alemã ARTE. De um dia para outro, o governo húngaro despediu 288 juízes dos mais altos tribunais e os trocaram por outros, de acordo com “os novos tempos”. O primeiro ministro húngaro, Viktor Orbán, do partido de extrema-direita União Cívica Húngara (Fidesz) prometeu durante a campanha eleitoral mudar tudo da raiz para tirar a Hungria da crise. No segundo turno das eleições, em maio de 2010, 70% dos votos foram favoráveis a esta formação política (no primeiro turno teve 53%).
Pouco depois de chegar ao poder Orbán propôs a criação de uma constituição que foi muito criticada e finalmente aprovada em janeiro. Nela não menciona a palavra “república”, mas Deus aparece em numerosas ocasiões, entre menções sobre a história e o destino da grandiosa Hungria.
A nova magna carta proíbe o aborto e reconhece como únicas famílias possíveis os heterossexuais casados. Também põe em questão a independência do Tribunal Constitucional, que já não poderá regular em matérias como o orçamento ou a dívida, algo que o Governo de Orbán já enfrentou com a União Européia. Ademais, prolonga o mandato dos juízes e fiscais, em alguns casos até nove anos, como meio de assegurar a Fidesz uma continuidade no poder em caso de perder as próximas eleições. A raiz dessa mudança na magna carta, outras leis foram rapidamente modificadas provocando o desconto da despedida, baixas de salários e pensões, a criminalização da indigência ou a anulação do direito a greve. Até 16 novas leis foram aprovadas na última semana do ano sem debates e nem perguntas parlamentarias.
Na direita, o primeiro ministro da Hungria, Viktor Orbán junto ao primeiro ministro polonês. EUROPEAN CONUNCIL |
Uma das novas regras mais chamativas é a obrigação do trabalho para os parados de larga duração, entre os quais há uma alta porcentagem do povo rom (cidadãos de etnia cigana), dentro de campos de trabalho fechados e vigiados, como conta o jornal do sindicato anarquista alemão FAU, Direkteaktion (Ação Direta) em sua edição de janeiro.
O discurso do partido no poder supõe uma ameaça não somente para os ciganos, como também para os 100.000 judeus que vivem na Hungria. O governo declarou a “guerra aos bancos”, querendo encenar uma força de prova nacional frente as intervenções estrangeiras. Entre as forças financeiras que se mencionam aparecem “os judeus” como corresponsáveis do desastre financeiro global.
Ainda que o primeiro ministro se empenhe em exaltar a glória nacional, cresce o sentimento de insatisfação no país. Em dezembro e janeiro tiveram manifestações de milhares de cidadãos que, ante as portas do parlamento, exigiam a revocação da nova magna carta.
Até agora não houve repulsa pública ao caráter autoritário da nova constituição desde a União Européia, que afirmou que comprovará se ajusta as leis europeias ou supõe algum tipo de ofensa dos acordos. A comissão se preocupa por outros assuntos mais práticos que a liberdade, e deu um ultimato para que reduzisse o déficit.
Liberdades suspendidas
Carl Rowlands, em um artigo recente no New Left Review, explica que a Hungria não é uma anomalia em uma União Européia que vou como a democracia ficava suspendida na Grécia ou na Itália. “As mudanças na Hungria são indefesas, mas se damos um passo atrás e olharmos o Reino Unido, podemos ver movimentos similares em progresso, menos óbvios, mas mediatos e escondidos”, explica Rowlands, quem destaca como ele o auge da coligação Fidesz foi baseado em uma “nova” classe capitalista doméstica estabelecida nos anos 90 durante a transição desde a queda do comunismo, formada principalmente por construtores e rentistas.
Dizem os meios “imparciais e profissionais” burgueses que o que está ocorrendo na Hungria é uma volta ao passado. em alusão a época comunista. Muitos húngaros quiseram voltar a esse passado onde não os faltava trabalho ou um médico, onde apenas se sabia o que era pobreza. Comer? não comerão muito nos campos de trabalho onde pensam enviar os desempregados. Serão instalados fornos crematórios para eliminar os “vagabundos” parados? Tudo pode acontecer nesta volta de épocas hitlerianas.
A constituição húngara anula o direito de greve e obriga aos parados a empregar-se em campos de trabalho, mas a União Européia só questionou o referente a competência do Banco Central.
É o autoritarismo na Hungria ante a passividade da União Europeia, esse é o jeito da extrema-direita governar um país...
Fonte: http://www.diagonalperiodico.net/
GOSTEI DA SUA INICIATIVA ESTOU RECOMENDANDO E COLOQUEI EM MEUS FAVORITOS PARA ACOMPANHAR COM VERDADE OS FATOS DO QUE ACONTECE NO MUNDO HJ E PRINCIPALMENTE NO CONFLITO SÍRIO! OBRIGADO!
ResponderExcluirEu que agradeço, se possível agradeço mais ainda se divulgar o blog para que todos saibam as verdades que a mídia “profissional e imparcial” do ocidente tenta esconder do povo ainda mais no caso sírio.
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